sexta-feira, 19 de novembro de 2010

SEMANA DA CONSCIÊNCIA NEGRA!



Quantos em quanta vontade mais santa
torcida branca
para mudar de cor.

Até as vezes pensava
Eu quero!
(Inútil conflito interno inferno de dor).

Viver entre duas cores,
muitos distintos sabores,
vida de flor e de dores
estabelecidos pela cor

Mas, fugi, cresci,sai daqui,
chorei, cortei,me isolei,
e assim me descobri em mim.

e então...

Chega!!! Chega!!!

Não sou branca, sou negra!!!
Sou negra mulata em flor.

Sou negra, negra,
negra é minha alma,
como crespo é meu negro cabelo,
meu olho, meu pelo,
meu pranto e sabor.

Carrego o sentimento interno,
da África o terno
sentimento de amor.
Gravado com ferro
e com berro
da memória do Santo
Negro em dor.

Negro é meu luzente futuro
é luz não escuro,
mel negro em amor.

Que venhas porque eu te quero,
futuro e belo,
negro lindo em flor.
(A.Lyra)

Poema dedicado a uma linda mulher filha de mãe negra e pai branco, viveu este conflito e optou pela sua Africanidade emergente. Uma linda e feliz escolha de uma negra que assume sua ancestralidade.


SUA CONSCIÊNCIA TEM COR???


O vinte de novembro é uma data muito importante para nós, afro-brasileiros. Geralmente é uma data onde acontece Brasil afora, principalmente nos estados em que é feriado, várias programações de cunho culturais, reflexivas e reivindicatórias. É data na qual comemoramos a morte de Zumbi dos Palmares, também conhecida como “Dia da Consciência Negra”.

Algumas pessoas às vezes perguntam: mas por que existe o dia da consciência negra e não o da consciência branca? A resposta é simples. Não haveria necessidade de se falar de consciência negra, se durante quase quatro séculos o povo negro não tivesse tido sua consciência negada, violentada pelo sistema escravista que o julgava e tratava negros como animais. Não seria preciso falar de consciência negra se, muitas vezes, ainda hoje, mais de um século e duas década após a abolição da escravatura, muitos afro-descendentes não fossem ainda vítimas de preconceito racial.

A PROPÓSITO DO VINTE DE NOVEMBRO é um dentre os vários artigos sobre a temática racial que já escrevi, sempre de forma mais contundente e militante, com ênfase nas condições, sócio, política e cultural dos negros/as brasileiros/as. Ainda que alguns possam considera, subjetivo demais, hoje 17 do 11, imerso em minhas elucubrações da madrugada, pois são: 01 h e 14 minutos de quinta - feira, para o próximo sábado, vinte de novembro de 2010, em forma poética, quero escrever sobre a única força neste mundo poderosa o bastante para verdadeiramente destruir o racismo e o preconceito, o AMOR.

Venha comigo! Sobre o amor vamos rimar.

Seja do eros, do fileo ou do ágape, de amor vamos falar.

Vamos rever conceitos, eliminar preconceitos, e nas letras destas rimas,

Refletindo sobre o amor, construirmos um Brasil novo, com novo paradigma.

Onde negros, brancos e amarelos, homens e mulheres, se amam e se estimam.

Sim, pois o AMOR:

Não tem cor;

Antes tem sabor, tem calor.

O amor:

Tem força, tem esperança;

Tem garra que não se cansa;

Tem tenacidade resoluta;

Que motiva negros e brancos a irem à luta.

O amor não escolhe a quem quer unir;

Quando manifesto faz o preconceito ruir;

Fazendo as barreiras racistas por terra cair.

O amor:

É avassalador;

Quando verdadeiro, une a patroa e o funcionário;

A empregada é o empresário.

O AMOR:

O AMOR...
O amor tem: COR/ação, atração, sedução;

Une os diferentes, numa mistura envolvente.

Quebra dogmas da religião, destrói preconceitos, tradições, faz votos caírem por terra;

Quando no peito, contra a vocação entra em guerra.

É sentimento revolucionário, libertador, igualitário, destrói as preconceituosas discrepâncias;

Não há apego ao dinheiro, quando pelo ar ele deixa seu cheiro, sua fragrância.

Amor, sentimento, que mexe e remexe com o corpo, alma e mente;

deixando indivíduos, mais moldáveis, mais humanos, mais gente.

O amor, tem feito coisas, que somente Deus que o criou não duvida;

Tem transformado pessoas, tem dado novo sentido a muitas vidas.

O amor não tem muita matemática.

É uma + um. Um + uma.

Sua conta é simples, uma soma básica

É o negro + a negra.

É o branco + a branca.

Mas também pode ser diferente;

O amor mistura as cores claras, fortes e quentes.

De forma simples, natural e prática, com amor não há mistério

Enlaça a loira européia nos braços do negro da África.

É o negro + a branca. É a negra + o branco.

É o negro, o branco e o amarelo que, misturados originam tons tão belos.

Eu não entendo a razão, pela qual alguns fazem objeção.

Se negro casa com loira, é por que loira casa com negrão;

Tem que haver aceitação, de ambos, interação.

Nem sempre tem dinheiro envolvendo a união.

Como julgam alguns racistas, advogando a segregação.

O amor é subversivo, quando manifesto faz o preconceito ruir.

Pois verdadeiro amor não escolhe a quem quer unir;

arromba a porta da alma, sem licença pedir;

Embriaga os sentidos fazendo quem ama chorar e sorrir.

Surge entre os diferentes matizes forçando a barreira racista por terra cair.

O AMOR:

Não tem cor;

Antes tem sabor, tem calor;

Tem valor, supera a dor, é agregador.

O amor é o único elemento de verdade;

Que resulta em liberdade, justiça e igualdade.

Só o amor constrói, ao passo que desconstrói o racismo introjetado na sociedade.

A hipocrisia cessará, o racismo institucional terminará. E ao velado se enterrará.

E só o amor restará. Sim, só o amor triunfará!

Quando eu era criança, falava como criança, raciocinava como criança.

Quando me tornei homem, pus fim ao que era próprio de criança.

Agora, vemos em espelho e de modo confuso; mas então será face a face.

Agora o meu conhecimento é limitado; então conhecerei como sou conhecido.

Agora, portanto, permanecem estas três coisas, a fé, a esperança e o amor.

Fé, de que um dia todos os povos viverão em paz. E que nenhum homem jamais será julgado pela cor de sua pele, mas sim pelo caráter que o impele.

Esperança, de que, o Reino de Deus, entre os povos, nós construímos a cada novo amanhecer, quando liberamos o perdão e de inimigos a irmãos passamos ser.

Amor, com o qual devemos nos amar uns aos outros, independente da cor da tez. Tendo consciência de que, ao negro, ao branco e ao amarelo, foi o mesmo e único Deus quem os fez.

Entre a fé, a esperança e o amor.

O amor é Maior, pois DEUS é amor, manifesto em todos os matizes, cores, sabores e amores.